Realidade (do latim
realitas isto é, "coisa") significa em uso comum "tudo
o que existe" seja ou não perceptível, acessível ou entendido pela
ciência, filosofia ou qualquer outro sistema de análise.
Veja que podemos esboçar em um sentido mais amplo, que não é só o que existe nos artefatos dos sentidos conhecidos pela mente, mas também pelos não conhecidos ou dentro ou fora dela. Além disso, não é o que pode ser explicado pelas normas da ciência, mas também àquelas não conhecidas por ela.
Se imaginarmos um
objeto ou vermos um objeto, a nossa mente se 'iluminará' nas mesmas regiões e
isso mostra que no nível mental de interpretação não há distinção do que se vê
ou do que se imagina. Assim, não podemos dizer que a realidade seria o mundo
material como também o imaginário. Além disso, a visão da ciência não poderia
atribuir à realidade uma verdade somente física ou relacionada aos sentidos já
que o sentido de realidade deve ser visto de maneira muito mais abrangente do
que estes campos de interpretação. No entanto, se estamos falando do conceito
do real além destas fronteiras, não podemos a analisar por teorias ou modelos
científicos pré-determinados como também considerar teorias ainda não
existentes e sentidos ainda não conhecidos ou compreendidos e, para isso, não
temos como jogar com outras peças senão com as que temos, o mundo físico e o
mental. No mundo mental
então, se a imaginação é real perante a interpretação do cérebro, significa que estamos livre de fronteiras
neste sentido para a realidade. No entanto, o que eu questiono é o que nos
condiciona para podermos imaginar sem limites.
Será então que
temos mesmo poder ilimitado para a imaginação?
Se a resposta é não
creio que decorre de a mente somente criar coisas das quais conhecemos ou
guardamos nela ou das derivadas destas. Imagine se nossa mente fosse uma caixa
e pudéssemos ver o que tem dentro dela quando nos colocássemos a pensar ou
criar. E, nesta caixa eu só colocaria (de acordo com minhas experiências de
vida) a cor vermelha e a cor amarela... Será que eu conseguiria um dia imaginar
a cor laranja em um momento de imaginação? Creio que não, uma vez que eu
precisaria também colocar nessa caixa o ato de misturar as cores para ter uma
nova cor. Mas ainda assim, não eliminaria a possibilidade de a mente criar 'por
si só' ou 'por outra fonte externa à mente' a cor laranja por algum processo
automático. Lembrando que estamos vendo à mente no sentido abrangente de
realidade dentro ou fora dela, sem fronteiras e encarando as possibilidades.
Agora se a resposta
é sim, se temos poder ilimitado da imaginação, significa que mesmo o que nunca
vimos ou temos qualquer referência ou derivação de elementos que estão em nossa
mente possam ser criados por ela. Imagine que a nossa caixa preta agora (nossa
mente) e eu tivesse dentro dela somente cor vermelha e cor amarela... Será que
eu conseguiria um dia imaginar a cor azul em um momento de imaginação? Creio
que sim, uma vez que a mente, se for sem fronteiras, possa acessar outras
'fontes' de conhecimento ou experiência, poderíamos imaginar ou criar a cor
azul. E é este mundo arquetípico ou metafísico, em que estariam as verdades
absolutas, como ditou Platão ou Jung?
Veja outro exemplo
que me incomoda quando penso. Várias vezes já sonhei ou pensei em alguma pessoa
que nunca conhecerá ou me lembre dela. Então, pense você em um rosto qualquer
de alguém que nunca viu... Será que esta pessoa é o resultado de uma lembrança
de alguém que você já viu, da combinação de vários rostos que você já viu, de
alguém que já existiu, existe ou existirá... ou de alguém que nunca existirá de
fato? Pelo nosso exemplo, podemos sim ver que este rosto ou pessoa pode ser
real pois pode ser reflexo se suas lembranças ou experiências, ser a mistura de
rostos que já vimos, alguém que você 'acessou' em alguma fonte arquetípica ou
metafísica e atemporal (presente, passado e futuro) ou mesmo que você imaginou
por qualquer outro fator. Creio então que essa pessoa ou rosto, existe, de
qualquer forma.
E sobre o aspecto
físico de realidade....o que a física pode nos dizer?
Sem muitas
delongas, a física quântica é sem dúvida a ciência que coloca em xeque o
conceito de realidade. No experimento da dupla-fenda (muito relatado em temas
do tipo, para detalhes pesquisar outras fontes) é um tópico de interesse ao
nosso post. Imagine, duas fendas pelas quais incidiremos luz, para que ela se
difrate e veremos a imagem em uma placa após isso ocorrer. As
bandas formadas, ou padrões de interferência, mostram regiões claras e escuras
que correspondem aos locais onde as ondas luminosas interferiram entre si
construtivamente e destrutivamente. Bem, mas e se ao invés de um feixe de luz,
incidíssemos fóton a fóton? A imagem em nossa placa apareceria, como apenas
partículas dispersas que chegaram até lá, mas com o tempo teríamos ainda um
padrão de interferência, ou seja, como esses fótons não se comportassem com
partículas mas também como ondas. Ou ainda, como se as partículas passassem
pelas duas fendas, por uma ou outra ou por nenhuma fenda... Decidimos, por fim
intrigados, saber por qual fenda
a partícula passou e colocamos um medidor próximo às fendas para isso. O resultado é que a partícula passa a
se comportar como matéria, ou seja, passa então por somente uma das fendas e
não mais havendo padrão de interferência. O estranho é que o fato de medirmos,
acabamos ou colapsamos a função de onda, simplesmente pelo fato de observar. Sendo assim,
o observador interfere no fato a ser observado. E isso nos dá um mar de
possibilidades e espanto, certo? Vamos à alguns ensaios filosóficos e
malucos... espero que se espante...
Imagine que te dou
um DVD que eu gravei para você com seu filme predileto. Você vai ficar feliz e
dizer...legal, valeu, obrigado! A verdade é esse filme só existirá na
realidade, quando você o assistir, interagir com ele... Antes disso, de você
assistir, o filme, é só uma possibilidade... quando você o assiste é o colapso da
função de onda que ocorre e você não pode dizer que tinha o seu filme em
mãos... E isso é o mesmo que ocorre quando decidimos medir a partícula na dupla
fenda... não podemos dizer qual é sua natureza se não observarmos, mas se
observamos ou assistimos, não estamos vendo a realidade em si, mas apenas sua
sombra...e pelo fato de queremos medir ou assisti-la, tal como o seu filme. Mas
então o que resta, se nunca vemos a realidade física, como ela é em si...?
Resta que deveríamos, se a ciência permitisse, nos incluir nas equações nos
fenômenos quânticos... e isso os físicos não permitiriam... Sendo assim,
aceitando o fato de que a realidade seria uma ilusão no âmago da matéria, e
como observamos as coisas... somos nós que também decidimos como medir ou observar
e assim alteramos o universo ou a realidade em sua forma pura ao fazermos isso.
Deuses ou Diabo, não sei... mas acredito que há uma força oculta em nós mesmos
que não nos tira do cenário da realidade e que existem infinitas possibilidades
que só aparecem como algo real no mundo inteligível quando nós pensamos em
interagir com ela... vamos ver um outro exemplo.
Entre em seu quarto escuro. Acenda a luz. O fótons viajarão até alcançarem com os objetos de seu aposento e você então os verá como sempre...sua cama, seu guarda-roupa etc. No entanto, no mundo quântico de seu quarto, aqueles fótons que saíram da luz irão interagir com os objetos do seu quarto...e na realidade física estarão alterando o estado em que estavam, provocando um colapso quântico que modifica o universo se comparado de como estava antes de você querer acender a luz... Imagine isso no dia a dia, com as infinitas interações que temos com objetos, pessoas, etc... Então, cabe-nos ainda pensar sobre o seguinte: Para interagirmos, precisamos pensar? E pensar, pode mudar a realidade do mundo quântico?
Bom, para
interagirmos podemos em maior ou menor grau não exatamente pensar, mas deixar
nossa mente atuar por hábito ou para um determinado propósito, como acender a
luz, fazer uma ligação, comer, conversar e até dormir. Mas devemos lembrar que
mesmo parados nossa mente continua a atuar e quietamente pequenas interações
ocorrem no nível cerebral seja na forma físico química ou mental. Então só nos resta
dizer que o que a realidade seria um mar infinito de possibilidades das quais
podemos ou não decidir e sob quais queremos medir para existir... Creio também que já
temos um bom números de possibilidades de forma catalogadas e são de uso comum
de todos como possíveis coisas reais, e é por isso que ninguém pensa sobre se
uma um objeto na sua frente, já
colapsamos quanticamente inumeráveis coisas e devido inumeráveis observações e
por isso não pensamos se são reais ou não, apenas aceitamos que realmente estão
lá como as vemos. Talvez isso tenha a ver com o mundo arquetípico que nós
mesmos criamos.
Ainda gostaria de acrescentar
sobre esta ideia o questionamento da existência de um mundo não colapsado pela
observação, o que seria ele então? Creio que seria o mais próximo da verdadeira
realidade, pois seria o universo como ele é e como ele não é... Seria, creio eu,
o estado do Nirvana mental, sem distinção do ser e do não ser de Buda, seria o
não julgamento ou uma visão do todo, uma superação do
apego aos sentidos, do material e da ignorância; tanto como a superação da
existência, a pureza e a transgressão do físico.
Alguns ainda
poderiam dizer que a realidade é somente uma expressão da linguagem...isso
mesmo. Um matemática ou um físico fariam algumas equações no papel para descrevê-la,
um biólogo, um médico, um filósofo e assim por diante, cada um à sua maneira.
No entanto, se estamos investigando seu sentido puro, a realidade=coisa...
seria mesmo esta 'coisa' a qual não se pode falar, julgar, sem gênero ou
espécie... uma transgressão do físico ou do material... daí creio que o a origem da palavra realidade=coisa esteja perfeito...e não vejo outra
alternativa senão nos calar e tratarmos de ter a meditação mais perfeita, à
ponto de alcançarmos a Iluminação.
As discussões são
ilimitadas para o tema, mas espero ter provocado um pouco sua razão...
Então olhe ao
redor e pense comigo, o que é realidade?
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