Os números estão tão presentes em
nossa civilização e em nosso cotidiano e, no entanto, pouco paramos para nos
preocupar com o que estes 'seres matemáticos' realmente são. Pensamos apenas em
acumular quantidades cada vez maiores de bens e com os valores impressos nas
moedas, atribuindo ao número um valor meramente monetário, um verdadeiro poder,
e quase mágico atribuído à quantidade a que representa. Esquecemos a valor qualitativo
e misterioso que os números podem nos revelar como testemunhas do infinito.
Lembrei-me da passagem de Antoine Exupéry
em O pequeno Príncipe " Se você diz às pessoas crescidas: "Eu vi uma
bela casa, de tijolos cor-de-rosa, com germânios na janela e pombos no
telhado..." elas não conseguem nem imaginar esta casa. É necessário
dizer-lhes - "Eu vi uma casa de cem mil francos". Então elas exclamam
- "Como é bonita". Então é isso a economia, a política e as ciências dependem
principalmente de cifras, mas se esquecem que todas seriam inexistentes sem a
presença fundamental do número. Desde que ele seja algo útil ....está bom,
devem pensar... e você o que pensa?
Bem lembrei-me que uma das maiores
descobertas da ciência, foi alguém que investigou o trivial... Albert Einstein,
com sua teoria da relatividade colocou em xeque a noção que tínhamos de que o
tempo é absoluto e sabemos que não é assim, ele é relativo e tem pessoas que ainda
hoje custam a acreditar que o tempo passa mais devagar para fenômenos com
grandes velocidades. Pois bem, o tempo para Einstein estava na física, como um
artifício, mas não é da física. Então onde estaria o tempo? Crê-se que o mais
plausível seria o conceito de Entropia, ou o sentido de que os fenômenos do
universo sempre para a desordem... Exemplo: quebre um ovo... te garanto que não
terá energia, nem processo no mundo capaz de você montar o ovo como em seu
estado original. Mas voltemos aos números... eles estão na natureza ou são um
artifício da matemática, que assim como o tempo, não nos preocupamos...? Vamos
tentar esboçar um raciocínio...
Se os números estão na natureza,
talvez seja pelo comportamento de padrões que encontramos nela. O formato, das
flores, da estrela do mar, do náutilus, do crescimento dos galhos das árvores e
de suas flores, das proporções do corpo humano, dos padrões etc. Além disso,
podemos investigar a física e nos lembrar que a física quântica leva esse nome
justamente porque o nome "quântica" de 'quantum' significa quantidade
de algo ou pulsos discretos de energia. Se então temos quantidades que podem
ser quantificadas no âmago da estrutura da matéria, este padrões podem ser
seguidos até ordem macroscópicas e nos dar a sombra dos números na natureza.
Outro exemplo, podemos citar o menor nível de energia do hidrogênio (n = 1) é
cerca de -13.6 eV. O próximo nível de energia (n = 2) é -3.4 eV. O terceiro (n
= 3), -1.51 eV, e assim por diante...
No entanto, se os números não estão na
natureza... Estão na nossa necessidade de limitar os fenômenos para o
entendermos, medí-los e criarmos padrões inteligíveis. Cansamos de ver nas
escolas e faculdades, os professores nos ensinando os malditos 'casos ideais'
como: lançamento de um corpo sem resistência do ar, um bloco que desliza sem
atrito, etc. No entanto, embora são imprescindíveis para podermos estudar, sabemos
que nunca chegaremos perto da realidade dos fatos. Então o que fazemos é
medirmos, e medir, frequentemente é conhecer mal, uma vez que estamos
comparando com alguma coisa ou escala pré-determinada, uma régua, um aparelho
construído por outro aparelho de medir ou calibrar, ou um dedo, um palmo, uma polegada
etc. Bom mas você pode pensar...que para as medidas atuais temos aparelhos muito
sofisticados e precisos, mas saiba "não se pode medir uma corda"
(veja o documentário: Quanto mede um pedaço de corda? http://www.youtube.com/watch?v=cW5pU5VWH_A)
Além disso, podemos lembrar de acordo
com a física atual o observador e a coisa observada não podem ser considerados
separadamente, nem podemos medir com precisão a 'posição' ou 'velocidade do uma
partícula' simultaneamente, pelo princípio da incerteza. No nosso exemplo do
átomo quantizado, com níveis de energia pré-definidos, lembro que a estrutura
do átomo tende a mudar por radiatividade ou decaimento, o que pode comprometer
uma natureza fixa ou definida da matéria e nos dar apenas uma foto de um caso
ideal. Outro exemplo, mais simples, que não podemos encontrar os números na
natureza... não se encontra o '1' em nada, pois um objeto qualquer é formado
por inumeráveis partes e assim sucessivamente, nem o '2' ou o '3'....que são
verdade somente se o antecessor existir. Então se os números não estão na
natureza, onde estão? Quem sou eu para responder isso, mas vamos buscar umas
pistas...
A preocupação com a essência das
coisas não é nova e perturbou sábios e filósofos em todas as épocas e as
questões mais importantes e mais complexas do pensamento humano pode ser
resumida em um conjunto de três elementos:
0, 1, ∞ , isto é: o nada, o ser e o infinito. Veja que não mais estamos
falando do número no sentido material ou quantitativo, mas filosófico,
mental... Pense que uma música, ou um quadro ...são padrões matemáticos de
precisos comprimentos de onda ou de pigmentos que os determinam
respectivamente, mas a experiência de ouvir uma música, se impressionar ou se emocionar
com qualquer um deles não está na quantidade que representam mas na qualidade
que nos representam, e para cada um, de forma diferente... Assim, não separamos
a investigação de nós mesmos, de nossa mente...e por isso, temos diferentes
interpretações para este inestimável e complexo conjunto ao longo da história,
desde a escola pitagórica, a tradição judaica da Cabala, os teólogos, os
alquimistas...até obras famosas de Jean Paul Satre, O Ser e o Nada...até eu e você...
A explosão da unidade, ou a passagem
do '0' para o '1' é uma operação astronômica e assustadora. Se considerarmos o
'1' dividirmos em infinitas ∞ partes, tenderemos a ter nenhuma ou '0' partes.
Então a relação pode ser escrita: ' 1 = 0 . ∞ ', ou seja, o 'primeiro germe do
ser' é igual à multiplicação de 'nada'
pelo 'todo'. Deixando mais poético: "No princípio não havia nada, no
entanto, um número infinito de possibilidades ainda não manifestadas... então,
da interação do nada com o caos de possibilidades, surge um princípio, o
ser...a primeira manifestação...". Agora vou te lembrar algumas
cosmogonias sobre a criação do universo: na cosmogênese grega dizia-se que no
princípio só havia o caos e deste caos surgiram as coisas; no hinduísmo, para
explicar a criação a partir do 'nada' fala-se de uma força chamada 'Bindou' no
qual o 'nada' ou '0', indefinido, contém em potencial o infinito que preexiste necessariamente
ao '1' e a qualquer múltiplo de '1'; na Astrofísica, fala-se sobre a hipótese
do átomo primitivo e da expansão do universo, etc... e por fim, vale lembrar
que número (do grego némô) significa dividir. Então veja que encontrar os
números não é tarefa fácil, pois deve-se espiá-los materialmente, pela física,
como multiplicação do '1' ou metafisicamente, com a divisão do '1'...vamos
adiante com isso.
Se existem os números pela multiplicação do '1', há uma lei que rege o dinamismo dos
números, procedendo da unidade, cada número 'aspira' à unidade, assim, cada
número, atraindo seu superior 'acrescenta-se' uma nova unidade e cria um novo
número. Assim do 'Um' para o 'Múltiplo' corresponde ao processo ou ao dinamismo
da criação, à evolução material, mas à involução espiritual ao se afastar da
unidade, do ser perfeito e único em si. No entanto, se existem números do
movimento do 'Múltiplo' para o '1', corresponderia ao dinamismo da reintegração
e evolução do ponto de vista espiritual mas do ponto de vista material uma
involução. (Isso me faz lembrar da teoria do Big Bang... se existiu algo
primordial, do qual surgiu todo o universo como o conhecemos...seria um exemplo
do '1' para o infinito '∞'... mas também existe a teoria do Big Crunch, da qual
o universo colapsaria pela gravidade, voltando ao ponto primordial...o que
seria um exemplo do infinito '∞' para o '1'.) Então veja que o conceito da
criação e reintegração pode ser um conceito atual mas também foi no passado a
imagem dos fenômenos do universo.

Portanto, vemos que podemos nos perder
nas interpretações e teorias, e podemos somente passar pela sombra de o que realmente
são os números ou tratá-los como um dos mais belos artifícios já criados ou
ainda... se estão na física, como um resultado movimento da unidade e da
criação...se estão na mente, são a reintegração espiritual, a parte de um Deus,
o Um supremo, fonte da harmonia universal...
Mas uma coisa eu sei, não são apenas
uma linguagem ou símbolos que aprendemos na escola...
Não tem limites pensar sobre os
números, as teorias matemáticas, as geometrias... mas são tão ricos a ponto de
poder gerar toda nossa ciência, filosofia ou interpretação do universo... então
nos vale perguntar ao menos uma vez na vida sobre eles... e como os
pitagóricos, como ação no mundo e no homem, no microcosmo e no macrocosmo, espiritual
e material...
Então ao menos nos perguntamos uma vez na vida... algo que tem mérito para um mundo oculto
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