segunda-feira, 10 de junho de 2013

Números... o que são?




Os números estão tão presentes em nossa civilização e em nosso cotidiano e, no entanto, pouco paramos para nos preocupar com o que estes 'seres matemáticos' realmente são. Pensamos apenas em acumular quantidades cada vez maiores de bens e com os valores impressos nas moedas, atribuindo ao número um valor meramente monetário, um verdadeiro poder, e quase mágico atribuído à quantidade a que representa. Esquecemos a valor qualitativo e misterioso que os números podem nos revelar como testemunhas do infinito.

Lembrei-me da passagem de Antoine Exupéry em O pequeno Príncipe " Se você diz às pessoas crescidas: "Eu vi uma bela casa, de tijolos cor-de-rosa, com germânios na janela e pombos no telhado..." elas não conseguem nem imaginar esta casa. É necessário dizer-lhes - "Eu vi uma casa de cem mil francos". Então elas exclamam - "Como é bonita". Então é isso a economia, a política e as ciências dependem principalmente de cifras, mas se esquecem que todas seriam inexistentes sem a presença fundamental do número. Desde que ele seja algo útil ....está bom, devem pensar... e você o que pensa?

Bem lembrei-me que uma das maiores descobertas da ciência, foi alguém que investigou o trivial... Albert Einstein, com sua teoria da relatividade colocou em xeque a noção que tínhamos de que o tempo é absoluto e sabemos que não é assim, ele é relativo e tem pessoas que ainda hoje custam a acreditar que o tempo passa mais devagar para fenômenos com grandes velocidades. Pois bem, o tempo para Einstein estava na física, como um artifício, mas não é da física. Então onde estaria o tempo? Crê-se que o mais plausível seria o conceito de Entropia, ou o sentido de que os fenômenos do universo sempre para a desordem... Exemplo: quebre um ovo... te garanto que não terá energia, nem processo no mundo capaz de você montar o ovo como em seu estado original. Mas voltemos aos números... eles estão na natureza ou são um artifício da matemática, que assim como o tempo, não nos preocupamos...? Vamos tentar esboçar um raciocínio...
Se os números estão na natureza, talvez seja pelo comportamento de padrões que encontramos nela. O formato, das flores, da estrela do mar, do náutilus, do crescimento dos galhos das árvores e de suas flores, das proporções do corpo humano, dos padrões etc. Além disso, podemos investigar a física e nos lembrar que a física quântica leva esse nome justamente porque o nome "quântica" de 'quantum' significa quantidade de algo ou pulsos discretos de energia. Se então temos quantidades que podem ser quantificadas no âmago da estrutura da matéria, este padrões podem ser seguidos até ordem macroscópicas e nos dar a sombra dos números na natureza. Outro exemplo, podemos citar o menor nível de energia do hidrogênio (n = 1) é cerca de -13.6 eV. O próximo nível de energia (n = 2) é -3.4 eV. O terceiro (n = 3), -1.51 eV, e assim por diante...

No entanto, se os números não estão na natureza... Estão na nossa necessidade de limitar os fenômenos para o entendermos, medí-los e criarmos padrões inteligíveis. Cansamos de ver nas escolas e faculdades, os professores nos ensinando os malditos 'casos ideais' como: lançamento de um corpo sem resistência do ar, um bloco que desliza sem atrito, etc. No entanto, embora são imprescindíveis para podermos estudar, sabemos que nunca chegaremos perto da realidade dos fatos. Então o que fazemos é medirmos, e medir, frequentemente é conhecer mal, uma vez que estamos comparando com alguma coisa ou escala pré-determinada, uma régua, um aparelho construído por outro aparelho de medir ou calibrar, ou um dedo, um palmo, uma polegada etc. Bom mas você pode pensar...que para as medidas atuais temos aparelhos muito sofisticados e precisos, mas saiba "não se pode medir uma corda" (veja o documentário: Quanto mede um pedaço de corda? http://www.youtube.com/watch?v=cW5pU5VWH_A)

Além disso, podemos lembrar de acordo com a física atual o observador e a coisa observada não podem ser considerados separadamente, nem podemos medir com precisão a 'posição' ou 'velocidade do uma partícula' simultaneamente, pelo princípio da incerteza. No nosso exemplo do átomo quantizado, com níveis de energia pré-definidos, lembro que a estrutura do átomo tende a mudar por radiatividade ou decaimento, o que pode comprometer uma natureza fixa ou definida da matéria e nos dar apenas uma foto de um caso ideal. Outro exemplo, mais simples, que não podemos encontrar os números na natureza... não se encontra o '1' em nada, pois um objeto qualquer é formado por inumeráveis partes e assim sucessivamente, nem o '2' ou o '3'....que são verdade somente se o antecessor existir. Então se os números não estão na natureza, onde estão? Quem sou eu para responder isso, mas vamos buscar umas pistas... 

A preocupação com a essência das coisas não é nova e perturbou sábios e filósofos em todas as épocas e as questões mais importantes e mais complexas do pensamento humano pode ser resumida em um conjunto de três elementos:  0, 1, ∞ , isto é: o nada, o ser e o infinito. Veja que não mais estamos falando do número no sentido material ou quantitativo, mas filosófico, mental... Pense que uma música, ou um quadro ...são padrões matemáticos de precisos comprimentos de onda ou de pigmentos que os determinam respectivamente, mas a experiência de ouvir uma música, se impressionar ou se emocionar com qualquer um deles não está na quantidade que representam mas na qualidade que nos representam, e para cada um, de forma diferente... Assim, não separamos a investigação de nós mesmos, de nossa mente...e por isso, temos diferentes interpretações para este inestimável e complexo conjunto ao longo da história, desde a escola pitagórica, a tradição judaica da Cabala, os teólogos, os alquimistas...até obras famosas de Jean Paul Satre, O Ser e o Nada...até eu e você...

A explosão da unidade, ou a passagem do '0' para o '1' é uma operação astronômica e assustadora. Se considerarmos o '1' dividirmos em infinitas ∞ partes, tenderemos a ter nenhuma ou '0' partes. Então a relação pode ser escrita: ' 1 = 0 . ∞ ', ou seja, o 'primeiro germe do ser' é igual à multiplicação de  'nada' pelo 'todo'. Deixando mais poético: "No princípio não havia nada, no entanto, um número infinito de possibilidades ainda não manifestadas... então, da interação do nada com o caos de possibilidades, surge um princípio, o ser...a primeira manifestação...". Agora vou te lembrar algumas cosmogonias sobre a criação do universo: na cosmogênese grega dizia-se que no princípio só havia o caos e deste caos surgiram as coisas; no hinduísmo, para explicar a criação a partir do 'nada' fala-se de uma força chamada 'Bindou' no qual o 'nada' ou '0', indefinido, contém em potencial o infinito que preexiste necessariamente ao '1' e a qualquer múltiplo de '1'; na Astrofísica, fala-se sobre a hipótese do átomo primitivo e da expansão do universo, etc... e por fim, vale lembrar que número (do grego némô) significa dividir. Então veja que encontrar os números não é tarefa fácil, pois deve-se espiá-los materialmente, pela física, como multiplicação do '1' ou metafisicamente, com a divisão do '1'...vamos adiante com isso.

Se existem os números pela multiplicação  do '1', há uma lei que rege o dinamismo dos números, procedendo da unidade, cada número 'aspira' à unidade, assim, cada número, atraindo seu superior 'acrescenta-se' uma nova unidade e cria um novo número. Assim do 'Um' para o 'Múltiplo' corresponde ao processo ou ao dinamismo da criação, à evolução material, mas à involução espiritual ao se afastar da unidade, do ser perfeito e único em si. No entanto, se existem números do movimento do 'Múltiplo' para o '1', corresponderia ao dinamismo da reintegração e evolução do ponto de vista espiritual mas do ponto de vista material uma involução. (Isso me faz lembrar da teoria do Big Bang... se existiu algo primordial, do qual surgiu todo o universo como o conhecemos...seria um exemplo do '1' para o infinito '∞'... mas também existe a teoria do Big Crunch, da qual o universo colapsaria pela gravidade, voltando ao ponto primordial...o que seria um exemplo do infinito '∞' para o '1'.) Então veja que o conceito da criação e reintegração pode ser um conceito atual mas também foi no passado a imagem dos fenômenos do universo. 

O 'Selo de Salomão', presente na bandeira de Israel, por exemplo, e um dos símbolos mais conhecidos do esoterismo relata estas idéias. O vértice é formado por um ponto único. Ao lado oposto é constituído por uma infinidade de pontos. Um triângulo permite, portanto, visualizar esse desenvolvimento do '1' para o infinito '∞' e do infinito '∞'  para o a unidade '1'.

Portanto, vemos que podemos nos perder nas interpretações e teorias, e podemos somente passar pela sombra de o que realmente são os números ou tratá-los como um dos mais belos artifícios já criados ou ainda... se estão na física, como um resultado movimento da unidade e da criação...se estão na mente, são a reintegração espiritual, a parte de um Deus, o Um supremo, fonte da harmonia universal... 

Mas uma coisa eu sei, não são apenas uma linguagem ou símbolos que aprendemos na escola...
Não tem limites pensar sobre os números, as teorias matemáticas, as geometrias... mas são tão ricos a ponto de poder gerar toda nossa ciência, filosofia ou interpretação do universo... então nos vale perguntar ao menos uma vez na vida sobre eles... e como os pitagóricos, como ação no mundo e no homem, no microcosmo e no macrocosmo, espiritual e material...

Então ao menos nos perguntamos uma vez na vida... algo que tem mérito para um mundo oculto

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